Sempre ouço a pergunta: o que é preciso para ser tradutor? Resolvi listar algumas habilidades que considero básicas para quem quer sobreviver e crescer no mercado de tradução.
- * Apesar de precisar de um bom vocabulário, tradutor não é dicionário. Não precisa conhecer todas as palavras do inglês (ou qualquer que seja sua língua de trabalho) nem do português (ou sua língua nativa). Precisa, sim, saber onde encontrar a informação de que precisa.
- * Não precisa ser especialista no assunto, mas precisa entender o texto original. Principalmente no começo da carreira, os tradutores não são especialistas em uma nenhuma área. Mas pense bem: se o original não faz sentido para você, como sua tradução pode fazer sentido? Quem não entende o original não consegue traduzir direito. Ponto.
- * Consequência do anterior: a tradução PRECISA fazer sentido para o público-alvo. A terminologia precisa estar o mais correta possível, ou o usuário final da tradução com certeza vai estranhar. E isso não é bom.
- * Tradutor precisa saber pesquisar. E gostar de pesquisar. Porque, em última análise, é o que mais fazemos o tempo todo. Se não gostar de pesquisar, aconselho procurar outra profissão.
- * Apesar de ter uma profissão solitária, o tradutor precisa de contatos. E os melhores contatos para futuros trabalhos são os colegas. Portanto, o tradutor precisa saber se comportar nas diversas redes sociais. Caso contrário, pode estar se queimando no mercado sem nem perceber.
- * Dizem que a tradução é uma arte. Em alguns casos eu concordo, mas tradutor não é artista, é prestador de serviços. Tradutor tem que ser empresário. Tem que consultar o crédito do cliente novo na praça antes de começar um projeto e saber como cobrar caso não seja pago no dia combinado.
- * Conhecer as ferramentas de tradução. CAT, programas auxiliares, mecanismos de pesquisa na internet. Saber usar muito bem o Word. Os tempos da tradução manuscrita ou datilografada acabaram no século passado, e quem não se atualizar certamente vai ser excluído do mercado, cedo ou tarde (mais cedo do que tarde, acho eu).
É muito provável que eu esteja esquecendo de alguma característica básica e essencial para ser tradutor. Se eu lembrar de mais alguma, incluo depois. Se você souber de mais alguma, por favor me conte.
bela tábua dos mandamentos tradutórios, val! só lembrando que o tal tradutor editorial, literário, autoral ou como se queira chamar não é prestador de serviços e nem é empresário. o tipo de relação contratual e derivados (inclusive a forma de tributação) é distinto – sendo autor, é necessariamente uma pessoa física e e o objeto do contrato é um bem móvel, não um serviço. as implicações jurídicas disso são enormes.
Concordo plenamente, Denise. Mas acho que a parte prática, a postura do tradutor literário, no geral não deve mudar muito com relação ao técnico: precisa averiguar a editora, saber quais pagam bem e quais pagam mal, quais atrasam e quais pagam em dia. Quando falo em “comportamento/postura de empresário”, é isso que eu quero dizer. Não só pensar em como traduzir o texto, mas também em como *conduzir seu negócio como tradutor*.
Valzinha,
Acrescento: tradutor não deve ficar de mimimi. Acho que dentre as profissões que conheço são os que mais reclamam. O software é caro (perguntem a um projetista quando custa um Autocad ou a um webdesginer profissional quanto custa o DreamWeaver). Curso é caro, congresso é caro. Sou explorado, não sei mexer no computador, tenho medo de instalar programa. Gente, computador é a nossa ferramenta de trabalho, precisa saber o mínimo!!! Ainda nas comparações, pergunte a um médico se ele tem medo de um ultrassom (com hífen???)
Pra dizer a verdade, ando cansada de reclamações de tradutores. É mundial. É atávico, está ali, ó, enraizado no DNA do tradutor. Nós não 😉
Ótimo post, Val!
Você tocou em dois pontos que eu acho fundamentais: o tradutor empresário e o tradutor pesquisador. Para um é preciso ter uma postura profissional mais séria, sólida. Para outro, eliminar a preguiça.
Eu acrescentaria disciplina (foco), estudo e organização.
Eu estava mesmo elaborando um post para o meu blog pegando carona no que o Petê Rissati escreveu hoje. Agora, o que você escreveu. Boas inspirações.
Bom trabalho!
Min
Oi, Min!
Acabei de ler o seu post. Já disse que quero escrever como você quando crescer, né? (Para quem ainda não leu, pode comprovar aqui: http://tradutratos.blogspot.com/2010/10/trabalho-mal-feito-mal-arrematado.html).
Lá você mencionou outra coisa que esqueci de incluir no meu post: ler TUDO o que aparecer pela frente. Também tenho esse costume, desde sempre.
Valeu pela complementação!
Beijo!