O que o cliente quer de você

Um dos meus clientes recentemente mandou estas dicas, e acho que elas podem ser úteis para mais gente (e venho falando coisa parecida há tempos aqui, no Facebook e no finado Orkut), então resolvi postar. O cliente autorizou a reprodução (a pedido dele, fiz ligeiras alterações para ocultar o nome da empresa e outros detalhes que poderiam identificá-la).

  • Seja sincero. Na dúvida, recuse.
    Se não tiver certeza se consegue cumprir um prazo ou assumir o projeto, seja sincero e diga “Não” ou peça mais tempo antes de aceitá-lo. Pedir mais prazo depois do início do projeto causará muitos problemas.
  • Se não enviarmos uma confirmação clara por escrito, um número de projeto e uma ordem de serviço, NÃO comece a trabalhar.
    As POs (ordens de serviço) incluem todos os detalhes do projeto, como cronograma, custo acordado, lista de arquivos a traduzir e instruções. O tradutor pode faturar apenas o valor incluído nesse formulário, então leia a PO e confirme todos os detalhes ali indicados antes de começar a trabalhar no projeto.
  • Não tenha medo de perguntar!
    Ficamos sempre felizes em ajudar como pudermos, e você deve sempre esclarecer qualquer dúvida que tiver. Se não soubermos responder, perguntaremos para o cliente.
  • As instruções devem ser sempre seguidas.
    Sempre analisamos em detalhes as exigências do cliente antes de começarmos qualquer projeto e preparamos uma lista de instruções para nossos tradutores. Essas instruções são incluídas no e-mail de confirmação, juntamente com a documentação para o projeto, para ajudá-lo durante o processo de tradução. É essencial segui-las. Caso contrário, podemos precisar pedir que refaça o trabalho.
  • A documentação de referência sempre deve ser usada.
    Sempre tentamos conseguir o máximo de documentação de referência, definições e informações de contexto com nossos clientes. É essencial que o tradutor leia e entenda esse material antes de terminar a tradução. Isso também diminui o tempo de finalização.
  • Verifique antes de entregar!
    Sempre verifique seu trabalho com muito cuidado antes de entregá-lo. Devolveremos qualquer trabalho que tenha problema. Isso inclui rodar um corretor ortográfico automático (e também manual) antes de entregar qualquer trabalho. Traduções com erros ortográficos são inaceitáveis.
  • Se a qualidade da tradução que você precisa revisar está ruim, avise-nos antes de começar.
    Sempre exemplifique os problemas. Nós os analisaremos e decidiremos o que fazer. Lembre-se que você não pode nos cobrar mais pelo trabalho extra a menos que aprovemos o custo adicional antes de você começar.
  • Melhore, se puder!
    Revisão, para nós, significa mais que corrigir erros puramente linguísticos. Inclui também todos os aspectos de uma tradução. Esperamos que você verifique exatidão, ortografia, gramática, estilo, uniformidade, formatação, terminologia, adequação ao público-alvo, etc. Verificar significa não apenas identificar os erros ou aspectos que podem ser melhorados, mas também corrigi-los diretamente na tradução para produzir um texto finalizado. Se houver algo que você consegue traduzir melhor, altere.
  • Marque suas alterações e dê feedback.
    É sempre bom sabermos o que nossos revisores alteraram nas traduções. Assim, quando revisar uma tradução no Word, use a função de controle de alterações (“Track changes“) e, quando trabalhar no Excel, destaque a célula alterada com uma cor de fundo diferente (não é necessário marcar cada palavra, a menos que peçamos).
    Se precisarmos de comentários detalhados com relação às alterações, pediremos e diremos onde inseri-las.
    Evite sempre usar o “strikethrough“, porque é trabalhoso finalizar o texto (assim como usar o recurso).
    Sempre estimulamos nossos revisores a enviar um feedback sobre as traduções. Não tenha medo de dar sua opinião!
  • Se uma alteração não melhorar a tradução, não mexa!
    Seja crítico ao finalizar uma tradução depois da revisão do cliente final. Sempre verifique se as alterações solicitadas estão corretas ou melhoram a tradução antes de aplicá-las. Se não forem, não implemente a alteração e explique o motivo.

Meus complementos:

  • Não tenha medo de perguntar, mas pense antes. Os clientes gostam quando tiramos dúvidas, isso demonstra que estamos prestando atenção ao projeto, mas dúvidas bobas ou descabidas demais podem demonstrar que você não conhece o assunto ou não sabe o que está fazendo, e isso pode ser um tiro no pé.
  • Na hora do feedback, tente ser o mais profissional e objetivo possível. Atenha-se aos fatos e fundamente sempre que possível com links ou transcrições de gramáticas, dicionários ou outras referências.
  • Melhore o texto, se puder, mas não troque seis por meia dúzia para mostrar serviço. Às vezes a tradução está mesmo muito boa. Nesse caso, elogie o tradutor. 😉

Qual a melhor ferramenta?

Já ouvi a pergunta várias vezes: “Qual a melhor CAT?”

Apesar de usar exclusivamente o memoQ há mais de um ano, acredito que a melhor ferramenta (para tudo, não só para traduzir) é aquela que melhor se adapta a você e à ocasião. Você não usa (ou não deveria usar) uma chave de fenda para bater um prego. Da mesma forma, cada tipo de arquivo requer uma ferramenta específica.

Antes do memoQ eu usei o Wordfast durante muito tempo, e ele atendia perfeitamente minhas necessidades. Só migrei para o memoQ porque comecei a receber muitos projetos com formatos diferentes de .doc, que é o formato ao qual o Wordfast melhor se adapta. Ele também funciona razoavelmente bem em planilhas .xls e em apresentações .ppt, mas não é raro se enrolar e dar problema.

O memoQ, por outro lado, lida bem com muitos tipos diferentes de arquivo. Então, para mim, era essencial trocar de ferramenta se quisesse continuar traduzindo esses tipos diferentes de arquivo. Não me arrependo, porque atualmente recebo pouquíssimos arquivos do Word. O investimento valeu a pena e se pagou rapidamente.

Se você trabalha só com .doc, o Wordfast é uma opção mais lógica e barata. E vai resolver o seu problema muito bem.

Outra questão a considerar é a curva de aprendizagem. A melhor ferramenta para você é aquela com a qual se sente mais à vontade, da qual conhece os atalhos, comandos e recursos, que faz sua produtividade aumentar. Embora as ferramentas de CAT não sejam bichos de sete cabeças, conheço vários colegas que se atrapalham um tanto com os programas e, principalmente, com os atalhos. Minha dica, nos primeiros dias, é: imprima uma lista dos principais atalhos (a ajuda do programa costuma ter) e deixe do lado do teclado. Ajuda muito no início.

Resumo: não existe UMA ferramenta melhor, existe a melhor ferramenta para você, naquele projeto específico. O ideal é conhecer mais de uma ferramenta, além de alguns truques para converter arquivos entre elas. Desta forma, você consegue abranger um número maior de possibilidades no dia a dia.

Jornadas de Línguas Aplicadas da Universidade do Minho

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