Memória de tradução x tradução automática

Sábado, na Reunião na Sala 7, o Danilo Nogueira falou sobre tecnologias que podem ajudar o tradutor. A idéia surgiu da reportagem da revista Época que, coincidentemente (ou não), tinha o mesmo assunto da reportagem da Valor Econômico de janeiro.

Alguns colegas presentes na palestra pediram, em particular, que eu escrevesse sobre o uso da tradução automática em conjunto com os programas de memória de tradução, mais especificamente o Wordfast. Hoje, descobri que a Carol Alfaro já falou sobre isso semana passada. O artigo dela vale a pena ser lido: Novas tecnologias em discussão.

Delicious

Passei alguns dias sem escrever no blog por causa do excesso de trabalho, mas não quero deixar isso aqui parado por muito tempo.

A dica de hoje é um site muito bom para guardar bookmarks (links favoritos): o Delicious. Serve tanto como backup dos favoritos do seu navegador quanto para acesso remoto a partir de qalquer outro computador, ou mesmo do celular.

A organização é através de tags, permitindo usar mais de uma tag para cada link (mais eficiente que a classificação por pastas, típica dos navegadores). O campo de busca do site pesquisa também nos favoritos de outros usuários, depois pergunta se você quer incluir nos seus. Você pode ainda criar uma rede de contatos e compartilhar links interessantes com eles, além de decidir caso a caso se quer que os links sejam ou não compartilháveis.

Para usuários do Firefox, existe a extensão Delicious Bookmarks, que o integra ao Delicious.

E para os macqueiros, o add-on delimport inclui os links do Delicious nas pesquisas do Spotlight.

Os meus links no Delicious ainda estão bastante bagunçados, mas joguei lá (e por enquanto estão jogados mesmo, desculpem, mas tem faltado tempo para organizar) os glossários que fui encontrando pelos caminhos internéticos e os indicados por colegas. Só não garanto o funcionamento nem a qualidade de nenhum deles, alguns sequer acessei. Estão lá porque nunca se sabe o que o próximo projeto vai exigir…

Dicas para pesquisa avançada no Google

Tenho percebido, lendo as listas e fóruns de tradutores, que muitos colegas não usam os recursos avançados do Google. Alguns não usam nem os básicos, mas isso já é outro problema.

Os operadores avançados permitem filtrar os resultados, acelerando muito a pesquisa. E, nós sabemos bem, tempo é dinheiro.

Os que mais uso são:

AND (dispensável, na verdade, por ser o padrão de busca do Google)
Procura ambos os termos. Ex: arroz feijão (traz as páginas que tenham arroz E feijão)

OR
Procura qualquer um dos termos. Ex: arroz OR feijão (traz as páginas que tenham arroz OU feijão)

Aspas
Procura a expressão exata. Ex: “arroz com feijão”

– (exclusão)
Exclui da pesquisa os resultados com o termo que vem depois do sinal de menos. Ex: arroz -feijão (exclui dos resultados páginas com feijão)

+ (inclusão)
Pesquisa a grafia exata da palavra. Ex: feijão +carioquinha (exclui carioca, por exemplo, dos resultados)

– (hífen)
Pesquisa os termos na ordem indicada, estejam eles na mesma palavra, em palavras consecutivas ou hifenizados. Ex: fire-fight (traz resultados com firefight, fire fight e firefight)

* (curinga)
Útil para pesquisar collocations e expressões consagradas. Ex: arroz * feijão (os resultados serão páginas com “arroz e feijão”, “arroz com feijão”, “arroz sem feijão”)

define:
Busca definições e entradas em glossários. Ex: define:feijão

site:
Busca as ocorrências dentro de um site ou domínio específico. Ex: feijão site:cybercook.com.br, feijão site:.com

Uma outra alternativa, que às vezes dá bom resultado, é pesquisar o termo no idioma original, incluindo a área a que se refere, no idioma de destino (bean culinária, por exemplo). Repare que, neste exemplo, o resultado seria diferente se usasse o operador + para considerar apenas culinária, excluindo culinaria e cullinaria.

Pode-se também usar dicionário e/ou glossário junto com o termo desejado (ou glossary/dictionary, ou o equivalente no seu idioma de trabalho).

Se por acaso esqueci algum operador, ou se quiser sugerir alguma outra opção de pesquisa, deixe uma mensagem nos comentários. Aprender nunca é demais.

Um último lembrete: use sempre o bom senso para filtrar os resultados do Google e decidir o que usar. Nem sempre um termo está correto só porque “está no Google“.

A importância do contexto

Hoje assisti à palestra da Lia Wyler, na USP. Mesmo não sendo tradutora literária, o tema me interessou: contexto.

Lia falou sobre o contexto histórico e geográfico do texto, além do contexto psicológico dos personagens, para encontrar termos que se encaixem nas falas e na narrativa sem causar estranheza nem distorção.

O mesmo princípio vale para a tradução técnica. É preciso saber de onde veio o texto, quem vai lê-lo, a qual a área se refere. Ela usou uma expressão que achei interessante: “visualizar o contexto”. Se você não consegue visualizar, imaginar uma máquina qualquer mencionada no texto, como pode saber qual termo, dentre vários possíveis, usar para o nome da peça que está traduzindo?

A visualização, por outro lado, implica conhecimento. É muito difícil imaginar um motor sem nunca ter visto um, mesmo que não “ao vivo”. Da mesma forma, é difícil traduzir juridiquês sem conhecer os sistemas jurídicos dos dois países, de origem e de destino.

Tudo isso parece bastante óbvio quando dito desta maneira mas, se fosse mesmo assim tão simples, não precisaria ser repetido tantas vezes em palestras, aulas e fóruns de discussão, especialmente quando chegam pedidos de ajuda, muitas vezes (e muito mais vezes do que o ideal) sem o devido contexto.

Fiz outras anotações durante a palestra, mas elas vão virar outro post, mais completo.

E, fechando o post de hoje, a frase do colega Luís Henrique Kubota: “Sem contexto, não há texto.”

A pesquisa de livros do Google

O Google tem um recurso muito interessante, mas ainda pouco usado: a pesquisa em livros. Ele traz livros com visualização total, parcial ou sem visualização nenhuma do conteúdo, em todos os idiomas e sobre todos os assuntos.

E, tendo uma conta do iGoogle (um endereço do gmail resolve o problema), você pode também criar sua biblioteca, com os títulos que quiser. Para incluir livros à sua biblioteca “particular”, clique no link “Adicionar à minha biblioteca”, usando a “Visualização de lista”.

Quando for pesquisar, pode optar por pesquisar em todos os livros do acervo ou só naqueles selecionados. Para isso, clique no link “Minha biblioteca”, no alto da página, à direita.

Eu comecei a minha hoje. Para acessá-la, clique aqui.

RSS
Follow by Email
LinkedIn
Share